sábado, 8 de junho de 2013

Epílogo

Epílogo

Triste e pesada madrugada,
De vaga insana e atravessada,
És fruto da poente marejada,
Que bate em força na amurada.

Epílogo de mais uma calada?
Sim! Por ventura! Talvez...
Destino de pescador ou poeta?
Destino de quem busca na pesca,
Lá do fundo as palavras que escreve.

Amparado o olhar no quatro minguante,
Observo como ascende aos céus,
E lá do alto essa marejada que pinta,
De vermelho clareado a curva subtil,
Que decifra o devir do levante.

Esse vento lá de baixo,
Suestada... Para os de cima,
Fole das colunas de Hércules,
Forte e impetuoso sopras,
Abençoas a sapiência no sotavento.

Lua, és Mãe!
Do alto olhas os teus filhos,
Sentir, rir e chorar...
Não podes! Pois serás sempre mãe,
Muito depois das outras mãe findarem.

Olhas por nós e estás presente,
Nessa madrugada fizeste mais que isso...
Lá do alto, sentiste um abalo,
O fim próximo de um filho pródigo do saber,
Faz-te chorar e rasgar em luz o céu.

Todos existimos mas poucos perduramos.
Nessa lágrima estava uma vida,
Que na sua derradeira hora brilhou,
Lembrando-nos do nada, nada resulta,
Pois, todos nós somos feitos de algo...
jcs